domingo, fevereiro 06, 2005

Hoje não te vi. Foste sem mim olhar o mar. Traz-me ondas e espuma nos olhos... traz-me maresia nos teus lábios, areia nas tuas mãos, sal suspenso no lóbulo das orelhas. Traz-me pedaços de vento e pôr-do sol, fragmentos de um sorriso teu embrulhado numa concha que apanhares à beira-mar. Hoje não te vi. Foste sem mim olhar o mar.

Ver-te abraçar o mar com os teus olhos... ver-te emprestar mais ondas às ondas do mar... Ah, mas as tuas são mais perfeitas, mais ondas. Só elas se deixam enrolar nos meus dedos, nas minhas mãos, sem me expulsarem depois de me sacudirem violentamente.

Traz-me vento do mar no teu cabelo, azul marinho pintado nos lábios, algas, conchas, gaivotas voando sobre planícies de mar salgado tingido de azul e verde... Traz-nos uma pedra do fundo do mar, só para nós. Leva-nos para o silêncio, que te quero ouvir respirar. Sim, leva-nos para o silêncio do fundo do mar, que te quero ouvir o que me diz o teu respirar.

Quando voltas? Ainda é cedo? Onde estás? Porque é o silêncio tão pesado e escuro quando não estás? Porque dói tanto não te ouvir sequer respirar?

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